Autor: Frei Betto
Natal é a "despapainoelização" do espírito. É quando o coração torna-se manjedoura e, aberto ao outro, acolhe, abraça e acarinha.
Violenta-se quem faz da festa do Menino Jesus uma troca insana de mercadorias. Quantas ausências nesses presentes! Em pleno verão, nos trópicos, o corpo empanturra-se de nozes e castanhas, vinhos e carnes gordas, sem que se faça presente junto àqueles que, caídos à beira do caminho, aguardam um gesto samaritano.
Ainda criança, em Minas, aprendi com meus pais a depositar junto ao presépio a lista de meus sonhos.
Nada de pedidos a Papai Noel. No decorrer do advento, eu engordava a lista: a cura de um parente enfermo; um emprego para o filho da lavadeira; e a paz no mundo.
Meu pai insistia para que eu registrasse meus sonhos mais íntimos.
Aos 8 anos, escrevi: "Quero ver Deus". Minha mãe ponderou: "Não basta Nossa Senhora, como as crianças de Fátima?". Não, eu queria ver Deus Pai. Nem imagens dele eu encontrava nas igrejas, que exibem, de sobejo, ícones de Jesus e pombas que evocam o Espírito Santo.
Na tarde de 25 de dezembro, meus pais levaram-me a um hospital pediátrico. Distribuímos alegria e chocolate às crianças, vítimas de traumas ou tomadas pelo câncer e por outras enfermidades.
Fiquei muito impressionado com um menino de 6 anos, careca. Na saída, mamãe indagou-me: "Gostou de ver Deus?". Fiquei confuso: "Só vi crianças doentes", respondi. Então ela me ensinou que a fé cristã reconhece que todos os seres humanos são imagem e semelhança de Deus.
Por isso é tão difícil ver Deus. Pois não é fácil encarar a radical sacralidade de todo homem e de toda mulher. Aos poucos entendi que o modo de comemorar o Natal forma filhos consumistas ou altruístas.
E descobri que Deus é tanto mais invisível quanto mais esperamos que Ele entre pela porta da frente.
Sorrateiro, Ele chega pelos fundos, via um sem-terra chamado Abraão; um revolucionário, de nome Moisés; um músico com fama de agitador, Davi; uma prostituta, Raab; um subversivo conhecido por Jeremias; um alucinado, Daniel; um casal de artesãos que, recusado em Belém, ocupa um pasto para trazer o Filho à vida: Maria e José. No Evangelho de Mateus (25, 31-46) Jesus identifica-se com quem tem fome e sede, é doente ou prisioneiro, oprimido ou excluído. Aqueles que para os "sábios" são a escória da sociedade, para Deus são os convidados ao banquete do reino. Desde então aprendi que *Natal é todo dia*, basta abrir-se ao outro e à estrela que, acima das mazelas deste mundo, acende a esperança de um futuro melhor.
Sonhar com um mundo em que o Pai Nosso transpareça na grande festa do pão nosso.
Pois quem reparte o pão partilha Deus.
O Papa Leão XIII, com a Encíclica Rerum Novarum, deu início a uma série de documentos, hoje reconhecidos como base da Doutrina Social da Igreja. Ler, refletir e colocar em prática a mensagem destes documentos, mais do que uma obrigação, passa a ser um imperativo da nossa fé cristã.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sábado, 13 de novembro de 2010
Tiririca e o respeito à república
Em primeiro, é preciso dizer que não votei no Tiririca. Este é um ponto importante, para que se possa escrever o que segue.
Tiririca foi o candidato mais votado para deputado federal com 1,3 milhões de votos. O mais votado do Estado de São Paulo. Recentemente teve que fazer testes para comprovar se sabe ler e escrever. A polêmica começa nesta questão. Se há algum problema com o Tiririca candidato, deveria ter sido resolvido antes do pleito. Agora que quase 1 milhão e meio de pessoas votaram nele, este assunto já deveria ter sido encerrado. Qualquer tentativa de anular o desejo deste grande número de cidadãos é golpe. Abre um sério precedente para a democracia. Portanto, não deveria haver mais qualquer tipo de dúvida sobre sua eleição.
Mais que isso. O personagem eleito na última eleição foi o Tiririca. Se perguntarmos, a qualquer um de seus eleitores, quem é o cidadão Aloísio Sérgio Rezende Silveira, certamente responderão que não sabem que é este tal Aloísio. Portanto, eleito foi o Tiririca. O personagem mais votato nesta eleição foi o "plahaço Tiririca" e não o Sr. Aloísio. Certamente, é desejo destes eleitores, que o Tiririca, o personagem, esteja presente em sua cadeira de deputado federal a partir de 2011. A presença do Sr. Aloísio, sem sua personagem Tiririca, poderia ser uma forma de falsidade ideológica. Os eleitores não votaram no Sr Aloísio. E, certamente, se ele tivesse se apresentado de cara limpa, sem portar seu personagem durante sua campanha, jamais teria sido eleito. Assim sendo, o eleito foi o Tiririca e não o Sr Aloisio. O Tiririca é que deve assumir sua cadeira em Brasília, caracterizado como Tiririca, pois é esta a vontade de seus eleitores.
Podem alegar que este foi um voto de protesto, até mesmo de imaturidade política, ou qualquer outro tipo de alegação. Pouco importa, a vontade do povo na eleição é soberana. Se o grito das urnas é um grito de protesto, que seja, deve ser ouvido. A presença do palhaço na Câmara Federal deverá ser uma marca, para que todos os seus ocupantes se lembrem, a cada dia, de que o povo pode sim se rebelar. Que o povo está cansado das 'palhaçadas' feitas por aqueles que vestem terno e gravata e se apresentam como pessoas sérias, mas não impedem que o legislativo tenha se transformado num grande circo. A presença de Tiririca, em suas vestes de palhaço, fazendo um 'discurso' em uma sessão solene deve ser a imagem da lembrança de que, ou os ocupantes destas cadeiras respeitam o povo e esta nação, ou esta nação irá constantemente desmoralizar seus ocupantes, sempre que puder, pelo voto.
Por fim, é melhor ter um cidadão, vestido de palhaço como deputado federal, do que todos os cidadãos brasileiros se sentirem verdadeiros palhaços nas mãos dos péssimos políticos que ocuparam estas cadeiras para enganar, corromper, roubar dinheiro público, e abandonar às traças toda a nação. O voto no palhaço tem um simbolismo, e por isso precisa ser respeitado. E não venham os eternos deputados, que já estão nesta casa federal por muitos mandatos, dizer que isso vai contra o decoro parlamentar. Contra ao decoro parlamentar não é a presença do palhaço mais votado nesta eleição. Contra o decoro é roubar o dinheiro público, é ser incapaz de trabalhar a serviço do povo.... e outras tantas atitudes que buscam apenas garantir o bem pessoal, em detrimento do bem público... Que a presença do palhaço no poder legislativo seja o fim das palhaçadas na política brasileira....
Tiririca foi o candidato mais votado para deputado federal com 1,3 milhões de votos. O mais votado do Estado de São Paulo. Recentemente teve que fazer testes para comprovar se sabe ler e escrever. A polêmica começa nesta questão. Se há algum problema com o Tiririca candidato, deveria ter sido resolvido antes do pleito. Agora que quase 1 milhão e meio de pessoas votaram nele, este assunto já deveria ter sido encerrado. Qualquer tentativa de anular o desejo deste grande número de cidadãos é golpe. Abre um sério precedente para a democracia. Portanto, não deveria haver mais qualquer tipo de dúvida sobre sua eleição.
Mais que isso. O personagem eleito na última eleição foi o Tiririca. Se perguntarmos, a qualquer um de seus eleitores, quem é o cidadão Aloísio Sérgio Rezende Silveira, certamente responderão que não sabem que é este tal Aloísio. Portanto, eleito foi o Tiririca. O personagem mais votato nesta eleição foi o "plahaço Tiririca" e não o Sr. Aloísio. Certamente, é desejo destes eleitores, que o Tiririca, o personagem, esteja presente em sua cadeira de deputado federal a partir de 2011. A presença do Sr. Aloísio, sem sua personagem Tiririca, poderia ser uma forma de falsidade ideológica. Os eleitores não votaram no Sr Aloísio. E, certamente, se ele tivesse se apresentado de cara limpa, sem portar seu personagem durante sua campanha, jamais teria sido eleito. Assim sendo, o eleito foi o Tiririca e não o Sr Aloisio. O Tiririca é que deve assumir sua cadeira em Brasília, caracterizado como Tiririca, pois é esta a vontade de seus eleitores.
Podem alegar que este foi um voto de protesto, até mesmo de imaturidade política, ou qualquer outro tipo de alegação. Pouco importa, a vontade do povo na eleição é soberana. Se o grito das urnas é um grito de protesto, que seja, deve ser ouvido. A presença do palhaço na Câmara Federal deverá ser uma marca, para que todos os seus ocupantes se lembrem, a cada dia, de que o povo pode sim se rebelar. Que o povo está cansado das 'palhaçadas' feitas por aqueles que vestem terno e gravata e se apresentam como pessoas sérias, mas não impedem que o legislativo tenha se transformado num grande circo. A presença de Tiririca, em suas vestes de palhaço, fazendo um 'discurso' em uma sessão solene deve ser a imagem da lembrança de que, ou os ocupantes destas cadeiras respeitam o povo e esta nação, ou esta nação irá constantemente desmoralizar seus ocupantes, sempre que puder, pelo voto.
Por fim, é melhor ter um cidadão, vestido de palhaço como deputado federal, do que todos os cidadãos brasileiros se sentirem verdadeiros palhaços nas mãos dos péssimos políticos que ocuparam estas cadeiras para enganar, corromper, roubar dinheiro público, e abandonar às traças toda a nação. O voto no palhaço tem um simbolismo, e por isso precisa ser respeitado. E não venham os eternos deputados, que já estão nesta casa federal por muitos mandatos, dizer que isso vai contra o decoro parlamentar. Contra ao decoro parlamentar não é a presença do palhaço mais votado nesta eleição. Contra o decoro é roubar o dinheiro público, é ser incapaz de trabalhar a serviço do povo.... e outras tantas atitudes que buscam apenas garantir o bem pessoal, em detrimento do bem público... Que a presença do palhaço no poder legislativo seja o fim das palhaçadas na política brasileira....
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
GRANDEZA DE ÂNIMO
D. Demétrio Valentini
A hora é de magnanimidade. O momento é de respeitar, relevar, e perdoar. Todos convidados para a grandeza de ânimo. Publicados os resultados das eleições, urge festejar a democracia. Por mais frágil que tenha se mostrado durante a campanha, ela acabou se fortalecendo com esta eleição. Podemos fortificá-la mais ainda, se soubermos levar adiante as muitas lições que esta campanha nos deixa. Quem dá o exemplo é Dilma Rousseff, a candidata eleita Presidente do Brasil. Em seu discurso de domingo à noite, logo após a publicação dos resultados, disse textualmente: “ Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles.” Estas palavras têm mais força do que todas as injúrias e difamações que a candidata recebeu durante a campanha. Tornam ainda mais expressiva sua vitória. A nobre atitude do perdão, precisa vir acompanhada da lúcida constatação dos fatos, e dos desafios que eles nos apresentam. Na verdade, a candidata Dilma Rousseff precisou enfrentar uma avalanche enorme de obstáculos, desencadeados, sobretudo pela carga de preconceitos, cuja virulência surpreendeu, e mostrou quanto a sociedade brasileira ainda está impregnada de resíduos tóxicos da ditadura militar. O fato de uma candidata ter sido vítima da truculência do regime ditatorial, em vez de servir de oportunidade para lavar a honra de todos os que foram presos arbitrariamente pela ditadura, acabou dando o pretexto para muitos se acharem no direito de vestirem a carapuça de torturadores, e descarregarem sobre a candidata o ódio destilado nos porões do regime militar. Esta pesada constatação nos coloca um grande desafio. Muitos assim pensam e fazem sem terem culpa das motivações equivocadas que movem seus preconceitos. Não sabem o que foi a ditadura militar. A anistia foi pactuada. Mas de novo se comprova que ela não pode prescindir da memória histórica, que precisa ser cultivada e trabalhada, para que toda a sociedade, conscientemente, erradique no seu nascedouro as sementes da ditadura, que foram plantadas com eficácia pelo regime militar. Caso contrário, elas continuam germinando, e produzindo seus frutos maléficos. A Escola precisa ensinar a verdadeira história da ditadura militar. Este trabalho só pode ser feito com sucesso, se vier acompanhado da garantia do perdão e da superação de todo e qualquer tipo de vingança. De novo, as circunstâncias apelam para a grandeza de ânimo, que não significa timidez ou subserviência. O exercício da cidadania, em tempos de campanha eleitoral, precisa levar em conta as circunstâncias de cada um. O que se pede de todos é o voto. Mas existe largo espaço de atuação, visando fornecer critérios para o discernimento dos eleitores. Atendendo ao apelo de minha consciência, também procurei dar minha pequena contribuição. Agradeço as milhares de manifestações, públicas ou particulares, que expressaram sua concordância com as ponderações que fui fazendo cada semana, ao longo da campanha. Agradeço também aos que sensatamente ponderaram suas divergências, às quais procurei responder com respeito e atenção. Por outro lado, recebi também algumas furiosas contestações, e alguns ataques de caráter pessoal, carregados de ódio, e revestidos da presunção de seus autores de se julgarem os justiceiros da ira divina, para condenarem ao inferno todos os seus desafetos. Pela exorbitância de suas acusações, devo avisá-los que mereceram destino menos solene que o inferno. De modo que ainda podem contar com meu perdão. Além do mais, não me preocupo com julgamentos humanos. Como Davi, também prefiro mil vezes cair nas mãos de Deus, do que ser julgado pela justiça humana. Mas o resultado dessas eleições nos convida a tirar muitas outras lições, que, estas sim, nos motivam a deixar de lado condenações ou represálias, e contribuir com tudo o que estiver ao nosso alcance para levar em frente a nobre tarefa de construirmos juntos um Brasil justo e solidário.
A hora é de magnanimidade. O momento é de respeitar, relevar, e perdoar. Todos convidados para a grandeza de ânimo. Publicados os resultados das eleições, urge festejar a democracia. Por mais frágil que tenha se mostrado durante a campanha, ela acabou se fortalecendo com esta eleição. Podemos fortificá-la mais ainda, se soubermos levar adiante as muitas lições que esta campanha nos deixa. Quem dá o exemplo é Dilma Rousseff, a candidata eleita Presidente do Brasil. Em seu discurso de domingo à noite, logo após a publicação dos resultados, disse textualmente: “ Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles.” Estas palavras têm mais força do que todas as injúrias e difamações que a candidata recebeu durante a campanha. Tornam ainda mais expressiva sua vitória. A nobre atitude do perdão, precisa vir acompanhada da lúcida constatação dos fatos, e dos desafios que eles nos apresentam. Na verdade, a candidata Dilma Rousseff precisou enfrentar uma avalanche enorme de obstáculos, desencadeados, sobretudo pela carga de preconceitos, cuja virulência surpreendeu, e mostrou quanto a sociedade brasileira ainda está impregnada de resíduos tóxicos da ditadura militar. O fato de uma candidata ter sido vítima da truculência do regime ditatorial, em vez de servir de oportunidade para lavar a honra de todos os que foram presos arbitrariamente pela ditadura, acabou dando o pretexto para muitos se acharem no direito de vestirem a carapuça de torturadores, e descarregarem sobre a candidata o ódio destilado nos porões do regime militar. Esta pesada constatação nos coloca um grande desafio. Muitos assim pensam e fazem sem terem culpa das motivações equivocadas que movem seus preconceitos. Não sabem o que foi a ditadura militar. A anistia foi pactuada. Mas de novo se comprova que ela não pode prescindir da memória histórica, que precisa ser cultivada e trabalhada, para que toda a sociedade, conscientemente, erradique no seu nascedouro as sementes da ditadura, que foram plantadas com eficácia pelo regime militar. Caso contrário, elas continuam germinando, e produzindo seus frutos maléficos. A Escola precisa ensinar a verdadeira história da ditadura militar. Este trabalho só pode ser feito com sucesso, se vier acompanhado da garantia do perdão e da superação de todo e qualquer tipo de vingança. De novo, as circunstâncias apelam para a grandeza de ânimo, que não significa timidez ou subserviência. O exercício da cidadania, em tempos de campanha eleitoral, precisa levar em conta as circunstâncias de cada um. O que se pede de todos é o voto. Mas existe largo espaço de atuação, visando fornecer critérios para o discernimento dos eleitores. Atendendo ao apelo de minha consciência, também procurei dar minha pequena contribuição. Agradeço as milhares de manifestações, públicas ou particulares, que expressaram sua concordância com as ponderações que fui fazendo cada semana, ao longo da campanha. Agradeço também aos que sensatamente ponderaram suas divergências, às quais procurei responder com respeito e atenção. Por outro lado, recebi também algumas furiosas contestações, e alguns ataques de caráter pessoal, carregados de ódio, e revestidos da presunção de seus autores de se julgarem os justiceiros da ira divina, para condenarem ao inferno todos os seus desafetos. Pela exorbitância de suas acusações, devo avisá-los que mereceram destino menos solene que o inferno. De modo que ainda podem contar com meu perdão. Além do mais, não me preocupo com julgamentos humanos. Como Davi, também prefiro mil vezes cair nas mãos de Deus, do que ser julgado pela justiça humana. Mas o resultado dessas eleições nos convida a tirar muitas outras lições, que, estas sim, nos motivam a deixar de lado condenações ou represálias, e contribuir com tudo o que estiver ao nosso alcance para levar em frente a nobre tarefa de construirmos juntos um Brasil justo e solidário.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Lama no Ventilador
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
O título lembra outro, bem mais popular, mas também mais chulo. De qualquer modo, com uma ou outra maneira de falar, a expressão remete à maré de mensagens e contra-mensagens que vem sendo veiculada pela Internet sobre a temática religião e eleições. Pessoas individuais de renome, grupos mais ou menos representativos, instituições conhecidas e internautas anônimos - todos juntos produzem uma avalanche estonteante de notas, e-mails, acusações, defesas, apelos... Uma montanha de informações e contra-informações jogada diariamente na praça pública da Internet. A ponto de não mais sermos capazes de discernir o oficial do oficioso, o certo do errado, o ético do antiético, o lixo do reciclável.
Entre os defensores de Dilma Rousself, por um lado, e de José Serra, por outro, torna-se difícil distinguir de onde vem mais peso e mais poluição. Ambos os lados expressam, antes de tudo, uma ansiedade mórbida em desqualificar a todo custo o opositor ou opositora. Nessa guerra, que insistimos em chamar de processo eleitoral, entra-se sem escrúpulos na vida particular, fabricam-se factóides sobre factóides, exageram-se dados e obras realizadas, compara-se o governo FHC com o governo Lula... O fato é que a quantidade de informações se avoluma, sem que seja possível decidir o que é falso do que é verdadeiro.
Como fica o eleitor? Como separar o joio do trigo? O que existe efetivamente por trás desse afã de reduzir a escombros a estátua política do adversário ou adversária? Por que essa ânsia de jogar lama sobre a história e os feitos da outra coligação, preservando a própria de qualquer tipo de ato-crítica? Como acumular elementos para uma decisão consciente e madura? Felizmente, ainda é pequena, embora crescente, a porcentagem de cidadãos que se rege pelas dicas da Internet. Mas, infelizmente, tudo isso respiga para a televisão, o rádio e os jornais. De toda essa cacofonia virtual resulta uma verdadeira caricatura, seja do candidato ou candidata, seja do pleito como tal. A dificuldade de chegar aos fatos é diretamente proporcional à montanha de boatos que vão se avolumando.
Sem sombra de dúvida, estamos diante de uma questão falsa ou de um pseudo-problema. Não apenas por reduzir a defesa da vida ao combate ao aborto ou à famosa frase "desde a concepção até a morte natural". Na verdade a vida está ameaçada não somente no ventre materno, mas também, e às vezes com maior grau de violência, nas ruas e praças de nossas cidades; nos morros, favelas e periferias das grandes metrópoles, na tortura oculta no interior das unidades do sistema prisional; no tráfico de armas, droga e de seres humanos; no trabalho escravo, degradante e infantil; na miséria, fome e subnutrição de milhões de crianças que, por todo o mundo, convivem com o luxo e o desperdício; na inviolabilidade do lar, onde mulheres e crianças suportam anos a fio de uma violência silenciosa e silenciada, no extermínio de jovens entre 15 e 25 anos, seja por parte da polícia, seja na luta das gangues pelos pontos de tráfico... Sem falar de guerras, conflitos armados, violência aberta, acidentes de trânsito e de trabalho, atropelamentos, e assim por diante.
Há mais uma razão, entretanto, para classificar essa baixaria da campanha eleitoral de pseudo-problema. Tenho insistido, e repito, que no pleito de 2010 não estamos diante de uma disputa entre dois projetos de nação, e sim entre duas maneiras de governar o mesmo projeto. Uma rápida retrospectiva das décadas de 1980-90, mostra uma disputa entre um "projeto popular para o Brasil", por uma parte, e um "projeto liberal/neoliberal", por outra. Enquanto o primeiro, com raízes históricas de longa data, é representando nessas décadas pelo Partido dos Trabalhadores e pela figura de Lula, o segundo também tem raízes no tempo da Colônia e, mais recentemente, é incorporado por políticos como José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor. De fato, o programa do PT e de Lula não surgiu como um meteoro, mas mergulha seu alicerce e suas motivações nas lutas, movimentos e iniciativas populares dos últimas 50 anos.
A vitória de Lula em 2002, porém, significou uma virada do jogo. O projeto popular foi preterido em favor de uma administração lulista do projeto neoliberal. Três razões levaram a isso: a) primeiro, as expectativas da eleição de um migrante-operário a Presidente da República estavam muito acima das forças reais de organização popular. Havia uma disparidade entre tais expectativas e a capacidade efetiva de mobilizar a população. O voto no Lula, mais do que uma decisão consciente, representou um "voto de transferência". O cidadão transfere o exercício da cidadania para seu representante político. É um dos males da democracia representativa; b) em segundo lugar, diante desse desencontro entre expectativas e forças vivas, Lula escreve uma carta endereçada ao povo brasileiro, mas dirigida ao mercado financeiro nacional e internacional, no sentido de g arantir que o Brasil honraria com todos os seus compromissos. Trata-se de aplacar o medo de mudanças drásticas; c) por fim, Lula precisava governar: fez então uma aliança onde entraram em jogo os setores mais diversos da sociedade brasileira. Ao invés de contar com as forças sociais, Lula buscou apoio à direita e à esquerda, incluindo tradicionais oligarquias, historicamente retrógradas e avessas a qualquer tipo de mudança.
Começa então o jeito Lula de governar. Pouco mexe no vespeiro das oligarquias há tempo assentadas no poder, e que no fundo comandam o Estado (bancada ruralista, setor financeiro, tele-comunicações, indústria, empreiteiras, agronegócio, etc.), mas abre algumas janelas para os pobres (bolsa-família, micro-crédito, cotas para universidade, aumento do salário mínimo, obras do PAC, etc.). Ou seja, procura contentar os dois extremos: por um lado, o topo da pirâmide formado pelas famílias mais ricas do país; por outro, a base da pirâmide, onde se encontram as camadas C e D da população. A classe média, se é que existe isso no Brasil, se vê pressionada de todos os lados, especialmente pelo volume de impostos. Tudo isso temperado com boa dose de populismo, personalismo, centralismo e outros "ismos". Pai dos pobres e mãe dos ricos? Getulismo reciclado? São avaliações possíveis! Mas talvez se deva estudar mais de perto o "lulismo", como já o fazem alguns analistas.
Decorre daí que em 2010 José Serra e Dilma Rousself representam duas maneiras de levar adiante o modelo neoliberal brasileiro, de um país periférico ou emergente, como se queira. Uma dessa maneiras de governar certamente seguirá com as janelas abertas aos mais pobres, embora seja difícil chamar isso de políticas públicas. Mais parecem ensaios provisórios que ganharam caráter definitivo. A outra maneira de governar segue sendo uma incógnita a esse respeito. Cortar esses benefícios pontuais seria um tiro no pé! O ponto mais grave talvez esteja no programa de aprofundamento das privatizações, se bem que o governo Lula também não deixou de privatizar (concessão de estradas, por exemplo).
Concluindo, é difícil ver rupturas tão substanciais de FHC a Lula e deste ao próximo presidente. Há mudanças secundárias, sem dúvida, mas o núcleo do modelo permanece intocável. Aliás, as ondas de transformações superficiais muitas vezes escondem a continuidade das correntes subterrâneas, na economia, na política e na ação social. Numa palavra, não vejo motivo para jogar tanta lama no ventilador e, com isso, ofuscar mais do que elucidar os verdadeiros problemas da nação. Reduz-se a discussão eleitoral a uma troca de farpas que acentua a miopia nacional, ao invés colocar sobre a mesa os temas relevantes do destino do destino do país. A pauta se empobrece e, em lugar de luz para enxergar o caminho, o povo se vê diante de uma fumaça enganadora.
No atual momento, é quase impossível reverter os estragos feitos pelo ventilador da Internet e dos meios de comunicação social em geral. Multiplicar notas, desculpas ou esclarecimentos parece que só faz aumentar a confusão. Não é isso o que se espera de um debate sério e robusto como requer o processo eleitoral. Onde estão temas como preservação do meio ambiente, reforma agrária e agrícola, sistema público de saúde, transportes de qualidade, extensão da malha ferroviária, marco da educação, alternativas energéticas, propostas de reciclagem, combate à violência no campo e na cidade, ciência e tecnologia, bioética e engenharia genética - entre tantos outros!?...
O título lembra outro, bem mais popular, mas também mais chulo. De qualquer modo, com uma ou outra maneira de falar, a expressão remete à maré de mensagens e contra-mensagens que vem sendo veiculada pela Internet sobre a temática religião e eleições. Pessoas individuais de renome, grupos mais ou menos representativos, instituições conhecidas e internautas anônimos - todos juntos produzem uma avalanche estonteante de notas, e-mails, acusações, defesas, apelos... Uma montanha de informações e contra-informações jogada diariamente na praça pública da Internet. A ponto de não mais sermos capazes de discernir o oficial do oficioso, o certo do errado, o ético do antiético, o lixo do reciclável.
Entre os defensores de Dilma Rousself, por um lado, e de José Serra, por outro, torna-se difícil distinguir de onde vem mais peso e mais poluição. Ambos os lados expressam, antes de tudo, uma ansiedade mórbida em desqualificar a todo custo o opositor ou opositora. Nessa guerra, que insistimos em chamar de processo eleitoral, entra-se sem escrúpulos na vida particular, fabricam-se factóides sobre factóides, exageram-se dados e obras realizadas, compara-se o governo FHC com o governo Lula... O fato é que a quantidade de informações se avoluma, sem que seja possível decidir o que é falso do que é verdadeiro.
Como fica o eleitor? Como separar o joio do trigo? O que existe efetivamente por trás desse afã de reduzir a escombros a estátua política do adversário ou adversária? Por que essa ânsia de jogar lama sobre a história e os feitos da outra coligação, preservando a própria de qualquer tipo de ato-crítica? Como acumular elementos para uma decisão consciente e madura? Felizmente, ainda é pequena, embora crescente, a porcentagem de cidadãos que se rege pelas dicas da Internet. Mas, infelizmente, tudo isso respiga para a televisão, o rádio e os jornais. De toda essa cacofonia virtual resulta uma verdadeira caricatura, seja do candidato ou candidata, seja do pleito como tal. A dificuldade de chegar aos fatos é diretamente proporcional à montanha de boatos que vão se avolumando.
Sem sombra de dúvida, estamos diante de uma questão falsa ou de um pseudo-problema. Não apenas por reduzir a defesa da vida ao combate ao aborto ou à famosa frase "desde a concepção até a morte natural". Na verdade a vida está ameaçada não somente no ventre materno, mas também, e às vezes com maior grau de violência, nas ruas e praças de nossas cidades; nos morros, favelas e periferias das grandes metrópoles, na tortura oculta no interior das unidades do sistema prisional; no tráfico de armas, droga e de seres humanos; no trabalho escravo, degradante e infantil; na miséria, fome e subnutrição de milhões de crianças que, por todo o mundo, convivem com o luxo e o desperdício; na inviolabilidade do lar, onde mulheres e crianças suportam anos a fio de uma violência silenciosa e silenciada, no extermínio de jovens entre 15 e 25 anos, seja por parte da polícia, seja na luta das gangues pelos pontos de tráfico... Sem falar de guerras, conflitos armados, violência aberta, acidentes de trânsito e de trabalho, atropelamentos, e assim por diante.
Há mais uma razão, entretanto, para classificar essa baixaria da campanha eleitoral de pseudo-problema. Tenho insistido, e repito, que no pleito de 2010 não estamos diante de uma disputa entre dois projetos de nação, e sim entre duas maneiras de governar o mesmo projeto. Uma rápida retrospectiva das décadas de 1980-90, mostra uma disputa entre um "projeto popular para o Brasil", por uma parte, e um "projeto liberal/neoliberal", por outra. Enquanto o primeiro, com raízes históricas de longa data, é representando nessas décadas pelo Partido dos Trabalhadores e pela figura de Lula, o segundo também tem raízes no tempo da Colônia e, mais recentemente, é incorporado por políticos como José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor. De fato, o programa do PT e de Lula não surgiu como um meteoro, mas mergulha seu alicerce e suas motivações nas lutas, movimentos e iniciativas populares dos últimas 50 anos.
A vitória de Lula em 2002, porém, significou uma virada do jogo. O projeto popular foi preterido em favor de uma administração lulista do projeto neoliberal. Três razões levaram a isso: a) primeiro, as expectativas da eleição de um migrante-operário a Presidente da República estavam muito acima das forças reais de organização popular. Havia uma disparidade entre tais expectativas e a capacidade efetiva de mobilizar a população. O voto no Lula, mais do que uma decisão consciente, representou um "voto de transferência". O cidadão transfere o exercício da cidadania para seu representante político. É um dos males da democracia representativa; b) em segundo lugar, diante desse desencontro entre expectativas e forças vivas, Lula escreve uma carta endereçada ao povo brasileiro, mas dirigida ao mercado financeiro nacional e internacional, no sentido de g arantir que o Brasil honraria com todos os seus compromissos. Trata-se de aplacar o medo de mudanças drásticas; c) por fim, Lula precisava governar: fez então uma aliança onde entraram em jogo os setores mais diversos da sociedade brasileira. Ao invés de contar com as forças sociais, Lula buscou apoio à direita e à esquerda, incluindo tradicionais oligarquias, historicamente retrógradas e avessas a qualquer tipo de mudança.
Começa então o jeito Lula de governar. Pouco mexe no vespeiro das oligarquias há tempo assentadas no poder, e que no fundo comandam o Estado (bancada ruralista, setor financeiro, tele-comunicações, indústria, empreiteiras, agronegócio, etc.), mas abre algumas janelas para os pobres (bolsa-família, micro-crédito, cotas para universidade, aumento do salário mínimo, obras do PAC, etc.). Ou seja, procura contentar os dois extremos: por um lado, o topo da pirâmide formado pelas famílias mais ricas do país; por outro, a base da pirâmide, onde se encontram as camadas C e D da população. A classe média, se é que existe isso no Brasil, se vê pressionada de todos os lados, especialmente pelo volume de impostos. Tudo isso temperado com boa dose de populismo, personalismo, centralismo e outros "ismos". Pai dos pobres e mãe dos ricos? Getulismo reciclado? São avaliações possíveis! Mas talvez se deva estudar mais de perto o "lulismo", como já o fazem alguns analistas.
Decorre daí que em 2010 José Serra e Dilma Rousself representam duas maneiras de levar adiante o modelo neoliberal brasileiro, de um país periférico ou emergente, como se queira. Uma dessa maneiras de governar certamente seguirá com as janelas abertas aos mais pobres, embora seja difícil chamar isso de políticas públicas. Mais parecem ensaios provisórios que ganharam caráter definitivo. A outra maneira de governar segue sendo uma incógnita a esse respeito. Cortar esses benefícios pontuais seria um tiro no pé! O ponto mais grave talvez esteja no programa de aprofundamento das privatizações, se bem que o governo Lula também não deixou de privatizar (concessão de estradas, por exemplo).
Concluindo, é difícil ver rupturas tão substanciais de FHC a Lula e deste ao próximo presidente. Há mudanças secundárias, sem dúvida, mas o núcleo do modelo permanece intocável. Aliás, as ondas de transformações superficiais muitas vezes escondem a continuidade das correntes subterrâneas, na economia, na política e na ação social. Numa palavra, não vejo motivo para jogar tanta lama no ventilador e, com isso, ofuscar mais do que elucidar os verdadeiros problemas da nação. Reduz-se a discussão eleitoral a uma troca de farpas que acentua a miopia nacional, ao invés colocar sobre a mesa os temas relevantes do destino do destino do país. A pauta se empobrece e, em lugar de luz para enxergar o caminho, o povo se vê diante de uma fumaça enganadora.
No atual momento, é quase impossível reverter os estragos feitos pelo ventilador da Internet e dos meios de comunicação social em geral. Multiplicar notas, desculpas ou esclarecimentos parece que só faz aumentar a confusão. Não é isso o que se espera de um debate sério e robusto como requer o processo eleitoral. Onde estão temas como preservação do meio ambiente, reforma agrária e agrícola, sistema público de saúde, transportes de qualidade, extensão da malha ferroviária, marco da educação, alternativas energéticas, propostas de reciclagem, combate à violência no campo e na cidade, ciência e tecnologia, bioética e engenharia genética - entre tantos outros!?...
domingo, 17 de outubro de 2010
Declaração dos bispos do Regional Sul 1 sobre as Eleições
Os bispos católicos do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), do Estado de São Paulo, em sintonia com a DECLARAÇÃO SOBRE O MOMENTO POLITICO NACIONAL, da 48ª Assembleia Geral da Conferência (Brasília, maio de 2010), esclarecem que não indicam nem vetam candidatos ou partidos e respeitam a decisão livre e autônoma de cada eleitor.
O Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas Declarações e Notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos.
Reafirma, outrossim, as orientações quanto a critérios e princípios gerais a serem levados em conta no discernimento sobre o momento político, já oferecidos pela 73ª Assembleia Geral do Regional Sul 1 (Aparecida, junho de 2010), expressos na Nota VOTAR BEM.
Recomenda, enfim, a análise serena e objetiva das propostas de partidos e candidatos, para que as eleições consolidem o processo democrático, o pleno respeito aos direitos humanos, a justiça social, a solidariedade e a paz entre todos os brasileiros.
Indaiatuba (Itaici), SP, 16 de outubro de 2010.
Dom Nelson Westrupp - Presidente do Conselho Episcopal Regional Sul 1e Bispos do Regional Sul 1
(fonte: http://cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=5809)
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
MANIFESTO DOS CRISTÃOS PARA 2º TURNO PRESIDÊNCIA
Manifesto de Cristãos e cristãs evangélicos/as e católicos/as em favor da vida em Abundância!
"Se nos calarmos, até as pedras gritarão!"
Somos homens e mulheres, ministros, ministras, agentes de pastoral, teólogos/as, padres, pastores e pastoras, intelectuais e militantes sociais, membros de diferentes Igrejas cristãs, movidos/as pela fidelidade à verdade, vimos a público declarar:
1. Nestes dias, circulam pela internet, pela imprensa e dentro de algumas de nossas igrejas, manifestações de líderes cristãos que, em nome da fé, pedem ao povo que não vote em Dilma Rousseff sob o pretexto de que ela seria favorável ao aborto, ao casamento gay e a outras medidas tidas como "contrárias à moral".
A própria candidata negou a veracidade destas afirmações e, ao contrário, se reuniu com lideranças das Igrejas em um diálogo positivo e aberto. Apesar disso, estes boatos e mentiras continuam sendo espalhados. Diante destas posturas autoritárias e mentirosas, disfarçadas sob o uso da boa moral e da fé, nos sentimos obrigados a atualizar a palavra de Jesus, afirmando, agora, diante de todo o Brasil: "se nos calarmos, até as pedras gritarão!" (Lc 19,40).
2. Não aceitamos que se use da fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais. Em nome do nosso compromisso com o povo brasileiro, declaramos publicamente o nosso voto em Dilma Rousseff e as razões que nos levam a tomar esta atitude:
3. Consideramos que, para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra, que, segundo nossa análise, nos levaria a recuar em várias conquistas populares e efetivos ganhos sócio-culturais e econômicos que se destacam na melhoria de vida da população brasileira.
4. Consideramos que o direito à Vida seja a mais profunda e bela das manifestações das pessoas que acreditam em Deus, pois somos à sua Imagem e Semelhança. Portanto, defender a vida é oferecer condições de saúde, educação, moradia, terra, trabalho, lazer, cultura e dignidade para todas as pessoas, particularmente as que mais precisam. Por isso, um governo justo oferece sua opção preferencial às pessoas empobrecidas, injustiçadas, perseguidas e caluniadas, conforme a proclamação de Jesus na montanha (Cf. Mt 5, 1- 12).
5. Acreditamos que o projeto divino para este mundo foi anunciado através das palavras e ações de Jesus Cristo. Este projeto não se esgota em nenhum regime de governo e não se reduz apenas a uma melhor organização social e política da sociedade. Entretanto, quando oramos "venha o teu reino", cremos que ele virá, não apenas de forma espiritualista e restrito aos corações, mas, principalmente na transformação das estruturas sociais e políticas deste mundo.
6. Sabemos que as grandes transformações da sociedade se darão principalmente através das conquistas sociais, políticas e ecológicas, feitas pelo povo organizado e não apenas pelo beneplácito de um governante mais aberto/a ou mais sensível ao povo. Temos críticas a alguns aspectos e algumas políticas do governo atual que Dilma promete continuar. Motivo do voto alternativo de muitos companheiros e companheiras. Entretanto, por experiência, constatamos: não é a mesma coisa ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir. Neste sentido, tanto no governo federal, como nos estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido.
7.Sabemos de pessoas que se dizem religiosas, e que cometem atrocidades contra crianças, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo, por isso, não nos interessa se tal candidato/a é religioso ou não. Como Jesus, cremos que o importante não é tanto dizer "Senhor, Senhor", mas realizar a vontade de Deus, ou seja, o projeto divino. Esperamos que Dilma continue a feliz política externa do presidente Lula, principalmente no projeto da nossa fundamental integração com os países irmãos da América Latina e na solidariedade aos países africanos, com os quais o Brasil tem uma grande dívida moral e uma longa história em comum. A integração com os movimentos populares emergentes em vários países do continente nos levará a caminharmos para novos e decisivos passos de justiça, igualdade social e cuidado com a natureza, em todas as suas dimensões. Entendemos que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano – como Marina Silva defende – só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido. No momento atual, Dilma Rousseff representa este projeto que, mesmo com obstáculos, foi iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula. É isto que está em jogo neste segundo turno das eleições de 2010.Com esta esperança e a decisão de lutarmos por isso, nos subscrevemos:
(segue mais de uma centena de assinaturas)
A vida é mais complicada. É preciso amadurecer
Estamos em tempos de muita reflexão. Já é sabido, pela história, que não se faz boa política misturando, de forma irresponsável, religião e política. Há um grande risco de uma instrumentalizar a outra. O que não quer dizer que o homem de fé não deva ter posições firmes e aguerridas em defesa da dignidade humana. Porém, esta postura, não pode ser irresponsável, nem ser pautada pela crítica que se repete sobre uma nota só.
A triste opção, que conduziu o aborto, ao centro das discussões no primeiro turno, foi uma atitude irresponsável, falsa e utilitarista.
Exatamente aqueles que sempre ecoaram que religião não deveria "fazer" política, levantaram uma bandeira que buscava seduzir para enganar. Criou-se um verdadeiro simulacro. E neste sentido, esvasiou-se o debate político. Corre-se o risco de, seja qual for o eleito, não se ter clareza de seu verdadeiro plano de ação para o País.
Aproveitaram-se alguns, da consciência cristã em defesa do nascituro, para impor seu objetivo escuso de derrubar um dos candidatos à presidência. O tema dos debates, as manchetes de jornais concentraram-se neste fato. Esqueceu-se que este é um País que ainda tem fome. Já não faz parte do debate político nem a educação, nem a moradia, muito menos a cultura. A saúde foi sacrificada ao tema único, tratado como objeto e bandeira, o que é uma difamação ao próprio tema. A vulgariação do debate sobre o aborto, reduziu sua complexidade ao "sou contra" ou "sou a favor". Esta é mais uma página que merecerá muita reflexão no futuro. Pois a vida não é simples. Muitos líderes importantes, até mesmo da própria Igreja, que apoiaram esta vulgarização e estandardização do tema esqueceram os melhores princípios da Doutrina Social da Igreja.
Pena. Independente do resultado do segundo turno das eleições, já pode-se contabilizar grandes perdar nesta caminhada que vivenciamos. Voltamos à uma espécie de idade média, à caça às bruxas. A fé foi instrumentalizada em função de um resultado eleitoral. Fomos relembrados o quanto, nestas horas, agimos como crianças, incapazes de refletir além dos conceitos duplos: bem e mal, preto e branco, claro e escuro. A consciência parece retroceder à tempos antigos, e não somos capazes de conviver com os diversos matizes de cinza que há entre preto e o branco. Não se quer ver a multiplicidade de sombras que há entre o claro e o escuro.
Retrocedemos. O humano do século XXI tem se infantilizado. Falta-nos uma reflexão capaz de desenvolver as consciências para além do amém e do aleluia. A vida é complexa.
A triste opção, que conduziu o aborto, ao centro das discussões no primeiro turno, foi uma atitude irresponsável, falsa e utilitarista.
Exatamente aqueles que sempre ecoaram que religião não deveria "fazer" política, levantaram uma bandeira que buscava seduzir para enganar. Criou-se um verdadeiro simulacro. E neste sentido, esvasiou-se o debate político. Corre-se o risco de, seja qual for o eleito, não se ter clareza de seu verdadeiro plano de ação para o País.
Aproveitaram-se alguns, da consciência cristã em defesa do nascituro, para impor seu objetivo escuso de derrubar um dos candidatos à presidência. O tema dos debates, as manchetes de jornais concentraram-se neste fato. Esqueceu-se que este é um País que ainda tem fome. Já não faz parte do debate político nem a educação, nem a moradia, muito menos a cultura. A saúde foi sacrificada ao tema único, tratado como objeto e bandeira, o que é uma difamação ao próprio tema. A vulgariação do debate sobre o aborto, reduziu sua complexidade ao "sou contra" ou "sou a favor". Esta é mais uma página que merecerá muita reflexão no futuro. Pois a vida não é simples. Muitos líderes importantes, até mesmo da própria Igreja, que apoiaram esta vulgarização e estandardização do tema esqueceram os melhores princípios da Doutrina Social da Igreja.
Pena. Independente do resultado do segundo turno das eleições, já pode-se contabilizar grandes perdar nesta caminhada que vivenciamos. Voltamos à uma espécie de idade média, à caça às bruxas. A fé foi instrumentalizada em função de um resultado eleitoral. Fomos relembrados o quanto, nestas horas, agimos como crianças, incapazes de refletir além dos conceitos duplos: bem e mal, preto e branco, claro e escuro. A consciência parece retroceder à tempos antigos, e não somos capazes de conviver com os diversos matizes de cinza que há entre preto e o branco. Não se quer ver a multiplicidade de sombras que há entre o claro e o escuro.
Retrocedemos. O humano do século XXI tem se infantilizado. Falta-nos uma reflexão capaz de desenvolver as consciências para além do amém e do aleluia. A vida é complexa.
No segundo tempo a bola vai rolar elegantemente pelo gramado e balançar a rede, é goool do Brasil..
Desde que fiquei sabendo das candidaturas à Presidência da República, tive uma só atitude: não quero subestimar nenhum dos(as) candidatos(as), pois não sou melhor do que ninguém, e muito menos dono da verdade.
Pensava: aquele(a) que ganhar fará o melhor pelo nosso Brasil, pois irá se assessorar de pessoas competentes e honestas, e basta.
Passados alguns dias, iniciaram as propagandas eleitorais Subitamente, a minha caixa de correio foi tomada por uma “avalanche” de e-mails contra uma candidata apenas, a Dilma Roussef. Preciso dizer com todas as palavras, que fiquei indignado.
É importante dizer que logo que saiu a lista dos candidatos eu fiz a minha escolha.
Mas o fato de ver diariamente o “tsunami” de “denúncias” contra esta candidata, na minha caixa de correio, revelando total falta de respeito para comigo e também para com a candidata, levou-me a refletir e a pesquisar. Perguntava-me: por que somente contra ela? Devo ser honesto e afirmar que não recebi nenhuma “matéria” contra qualquer outro(a) candidato(a).
A reflexão levou-me até Jesus Cristo, que um dia disse: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7).
Por que estão jogando pedras só na Dilma? Em 1Jo 1,10 está escrito: “Quem diz não ter pecados, faz a Deus de mentiroso”. Conclusão: Os que jogam pedras não têm pecados. Eis o grande problema. Estão tomando o lugar de Deus. Mas Ele mesmo, não tendo pecado, não jogou pedras na pecadora. Isto é muito sério. Na verdade quem joga pedras está negando Deus. E o saudoso Beato, Papa João XXIII, que nos chamou a todos, através do Concílio Vaticano II, a sermos uma Igreja misericordiosa e aberta aos novos valores, deixando o ranço de lado, pelo sopro Vivificante do Espírito Santo, disse: “A pessoa que deixa Deus de lado, se torna perigosa para si e para as outras pessoas”.
E agora? A conversão é graça de Deus para pessoas abertas a Sua Misericórdia. “Os misericordiosos, alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7) Mas as pessoas auto-suficientes, donas da verdade, prepotentes, por isso sempre prontas a jogar pedras nos outros, estão muito longe de “ Deus, que é Amor” (1Jo 4,8).
Assim, concluí: Todos somos pecadores, mas uma só pessoa está levando pedradas nesta campanha eleitoral à presidência do Brasil. Aí, eu que já havia escolhido o meu candidato, fiz uma nova escolha. Decidi, diante de Deus, que esta mulher apedrejada é a minha candidata para presidir o Brasil. Tem também um velho ditado popular que diz: “Só se atira pedras em árvores que dão frutos bons”. E pesquisando descobri que esta candidata, enquanto ministra, produziu muito e bons frutos.
Procurei me aprofundar mais no conhecimento da minha candidata. Descobri que é uma mulher honrada e séria. Arriscou sua vida, durante a ditadura militar, da tirania do poder que oprime, tortura e mata. Sim, a Dilma foi presa e torturada por querer um Brasil democrático, fraterno, solidário, com vida e dignidade para todas as pessoas e não somente para algumas.
Então pensei: é exatamente isto que o Pai do Céu quis e continua querendo para todas as pessoas. Esta questão somou vários pontos para a candidata.
Nosso saudoso e amado Dom Helder Câmara dizia: “Quando reparto o meu pão com os pobres, me chamam de santo, mas quando pergunto pelas causas da pobreza, me chamam de comunista”.
Até hoje, as pessoas verdadeiramente comprometidas com um pais mais justo e igualitário, e para isso precisa de projetos sérios de transformação, continuam sendo taxadas assim. Algumas pessoas, por incrível que pareça, em pleno século XXI, ainda conseguem meter medo numa certa camada da população com este jargão.
Analisei também o desempenho da candidata quando era funcionária no governo estadual e federal. Os frutos bons são abundantes, especialmente para os menos favorecidos. Sim, saiu-se muito bem. Mais um ponto para ela.
Percebi também que, levando pedradas, não retribuía, e isto está de acordo com o Evangelho. Mais um ponto para a Dilma.
Comecei a analisar as suas palavras, idéias e projetos. Uma mulher inteligente, sábia, abnegada, perspicaz e atualizada. Outro ponto para esta mulher.
Também fui apurar as “denúncias” que enchiam a minha caixa de correio. Descobri montagens falsas, mentiras e calúnias. Aí novamente lembrei-me de Jesus que disse: “O diabo é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44).
Não tive mais dúvidas, é na Dilma que irei votar, independentemente de partido político.
Ninguém pode galgar degraus pisando nos outros. Isto não é nem humano, muito menos cristão.
Quem deseja servir o povo, precisa jogar limpo. Pessoa religiosa não é a que fica dizendo Senhor, Senhor... mas aquela que faz a vontade de Deus. E a vontade de Deus é “que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo 10,10).
A vontade de Deus é que todas as pessoas vivam como irmãos e irmãs, no respeito à vida de todos os seres. Descobri que a candidata Dilma tem este desejo profundo. Aliás, é o seu grande sonho que, juntamente com todo o povo, quer tornar realidade.
No domingo à noite, dia 10 de outubro, assisti ao debate promovido pela BAND. Um dos dons que Deus me concedeu foi o de conhecer as pessoas pelos seus olhos. Não costumo revelar o que vejo e sinto para todas as pessoas
Durante o debate meus ouvidos estavam atentos às palavras dos candidatos, mas meus olhos foram atraídos para a expressão da sua face e a delicadeza do seu olhar.
Percebi duas atitudes muito interessantes: 1)Sua face estava sempre serena e seu leve sorriso não era forçado e nem transmitia falsidade. 2)Seus olhos, que são espelhos de sua alma, transmitiam segurança, confiança, ternura e sinceridade. Estas qualidades agregaram mais alguns pontos a Dilma.
Como nós precisamos destas atitudes que na verdade são qualidades e dons de Deus! Dilma você passou pelo gelo da dor, tantas vezes, e por isso chegou ao incêndio do verdadeiro amor que vem do alto.
Nosso saudoso e amado Dom Luciano Mendes de Almeida dizia: “a bondade rompe todas as barreiras”. Avante minha irmã. Deus está com você. Cuide-se! Continue sendo bondosa e a confiar nas suas assessorias. Mas mantenha, discretamente, o controle de tudo para evitar desgostos e desgastes maiores e desnecessários, pois somos todos passíveis de erros. Mantenha-se sempre alerta e busque momentos de descanso na oração silenciosa para que Deus, que é Pai e tem a ternura da Mãe, lhe fale ao coração, plenificando-o de alegria e coragem. Dom Angélico, meu grande amigo e irmão, sempre diz: “Quem não reza vira monstro”.
Dilma, desculpe eu falar abertamente que não iria votar em você. Busco ser sincero como você. Mas tenha certeza de que continuarei a pedir a Deus que a ilumine e abençoe, chegando ou não à Presidência. Não estou falando em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas como cidadão e como Bispo da Igreja Católica, santa e pecadora, que deseja o melhor para o Povo de Deus.
Pessoalmente creio que é esta a hora de uma mulher experiente, honesta e competente, como você, chegar lá e continuar a fazer deste país, uma nação que defenda e proteja a vida de todos(as), desde a concepção até a morte natural.
Sim, neste segundo tempo a bola vai rolar elegantemente pelo gramado e balançar a rede!
Caçador, 12 de outubro de 2010 (solenidade de N.Sra.Aparecida. Padroeira do Brasil)
Dom Luiz C. Eccel
Bispo Diocesano de Caçador
Pensava: aquele(a) que ganhar fará o melhor pelo nosso Brasil, pois irá se assessorar de pessoas competentes e honestas, e basta.
Passados alguns dias, iniciaram as propagandas eleitorais Subitamente, a minha caixa de correio foi tomada por uma “avalanche” de e-mails contra uma candidata apenas, a Dilma Roussef. Preciso dizer com todas as palavras, que fiquei indignado.
É importante dizer que logo que saiu a lista dos candidatos eu fiz a minha escolha.
Mas o fato de ver diariamente o “tsunami” de “denúncias” contra esta candidata, na minha caixa de correio, revelando total falta de respeito para comigo e também para com a candidata, levou-me a refletir e a pesquisar. Perguntava-me: por que somente contra ela? Devo ser honesto e afirmar que não recebi nenhuma “matéria” contra qualquer outro(a) candidato(a).
A reflexão levou-me até Jesus Cristo, que um dia disse: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7).
Por que estão jogando pedras só na Dilma? Em 1Jo 1,10 está escrito: “Quem diz não ter pecados, faz a Deus de mentiroso”. Conclusão: Os que jogam pedras não têm pecados. Eis o grande problema. Estão tomando o lugar de Deus. Mas Ele mesmo, não tendo pecado, não jogou pedras na pecadora. Isto é muito sério. Na verdade quem joga pedras está negando Deus. E o saudoso Beato, Papa João XXIII, que nos chamou a todos, através do Concílio Vaticano II, a sermos uma Igreja misericordiosa e aberta aos novos valores, deixando o ranço de lado, pelo sopro Vivificante do Espírito Santo, disse: “A pessoa que deixa Deus de lado, se torna perigosa para si e para as outras pessoas”.
E agora? A conversão é graça de Deus para pessoas abertas a Sua Misericórdia. “Os misericordiosos, alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7) Mas as pessoas auto-suficientes, donas da verdade, prepotentes, por isso sempre prontas a jogar pedras nos outros, estão muito longe de “ Deus, que é Amor” (1Jo 4,8).
Assim, concluí: Todos somos pecadores, mas uma só pessoa está levando pedradas nesta campanha eleitoral à presidência do Brasil. Aí, eu que já havia escolhido o meu candidato, fiz uma nova escolha. Decidi, diante de Deus, que esta mulher apedrejada é a minha candidata para presidir o Brasil. Tem também um velho ditado popular que diz: “Só se atira pedras em árvores que dão frutos bons”. E pesquisando descobri que esta candidata, enquanto ministra, produziu muito e bons frutos.
Procurei me aprofundar mais no conhecimento da minha candidata. Descobri que é uma mulher honrada e séria. Arriscou sua vida, durante a ditadura militar, da tirania do poder que oprime, tortura e mata. Sim, a Dilma foi presa e torturada por querer um Brasil democrático, fraterno, solidário, com vida e dignidade para todas as pessoas e não somente para algumas.
Então pensei: é exatamente isto que o Pai do Céu quis e continua querendo para todas as pessoas. Esta questão somou vários pontos para a candidata.
Nosso saudoso e amado Dom Helder Câmara dizia: “Quando reparto o meu pão com os pobres, me chamam de santo, mas quando pergunto pelas causas da pobreza, me chamam de comunista”.
Até hoje, as pessoas verdadeiramente comprometidas com um pais mais justo e igualitário, e para isso precisa de projetos sérios de transformação, continuam sendo taxadas assim. Algumas pessoas, por incrível que pareça, em pleno século XXI, ainda conseguem meter medo numa certa camada da população com este jargão.
Analisei também o desempenho da candidata quando era funcionária no governo estadual e federal. Os frutos bons são abundantes, especialmente para os menos favorecidos. Sim, saiu-se muito bem. Mais um ponto para ela.
Percebi também que, levando pedradas, não retribuía, e isto está de acordo com o Evangelho. Mais um ponto para a Dilma.
Comecei a analisar as suas palavras, idéias e projetos. Uma mulher inteligente, sábia, abnegada, perspicaz e atualizada. Outro ponto para esta mulher.
Também fui apurar as “denúncias” que enchiam a minha caixa de correio. Descobri montagens falsas, mentiras e calúnias. Aí novamente lembrei-me de Jesus que disse: “O diabo é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44).
Não tive mais dúvidas, é na Dilma que irei votar, independentemente de partido político.
Ninguém pode galgar degraus pisando nos outros. Isto não é nem humano, muito menos cristão.
Quem deseja servir o povo, precisa jogar limpo. Pessoa religiosa não é a que fica dizendo Senhor, Senhor... mas aquela que faz a vontade de Deus. E a vontade de Deus é “que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo 10,10).
A vontade de Deus é que todas as pessoas vivam como irmãos e irmãs, no respeito à vida de todos os seres. Descobri que a candidata Dilma tem este desejo profundo. Aliás, é o seu grande sonho que, juntamente com todo o povo, quer tornar realidade.
No domingo à noite, dia 10 de outubro, assisti ao debate promovido pela BAND. Um dos dons que Deus me concedeu foi o de conhecer as pessoas pelos seus olhos. Não costumo revelar o que vejo e sinto para todas as pessoas
Durante o debate meus ouvidos estavam atentos às palavras dos candidatos, mas meus olhos foram atraídos para a expressão da sua face e a delicadeza do seu olhar.
Percebi duas atitudes muito interessantes: 1)Sua face estava sempre serena e seu leve sorriso não era forçado e nem transmitia falsidade. 2)Seus olhos, que são espelhos de sua alma, transmitiam segurança, confiança, ternura e sinceridade. Estas qualidades agregaram mais alguns pontos a Dilma.
Como nós precisamos destas atitudes que na verdade são qualidades e dons de Deus! Dilma você passou pelo gelo da dor, tantas vezes, e por isso chegou ao incêndio do verdadeiro amor que vem do alto.
Nosso saudoso e amado Dom Luciano Mendes de Almeida dizia: “a bondade rompe todas as barreiras”. Avante minha irmã. Deus está com você. Cuide-se! Continue sendo bondosa e a confiar nas suas assessorias. Mas mantenha, discretamente, o controle de tudo para evitar desgostos e desgastes maiores e desnecessários, pois somos todos passíveis de erros. Mantenha-se sempre alerta e busque momentos de descanso na oração silenciosa para que Deus, que é Pai e tem a ternura da Mãe, lhe fale ao coração, plenificando-o de alegria e coragem. Dom Angélico, meu grande amigo e irmão, sempre diz: “Quem não reza vira monstro”.
Dilma, desculpe eu falar abertamente que não iria votar em você. Busco ser sincero como você. Mas tenha certeza de que continuarei a pedir a Deus que a ilumine e abençoe, chegando ou não à Presidência. Não estou falando em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas como cidadão e como Bispo da Igreja Católica, santa e pecadora, que deseja o melhor para o Povo de Deus.
Pessoalmente creio que é esta a hora de uma mulher experiente, honesta e competente, como você, chegar lá e continuar a fazer deste país, uma nação que defenda e proteja a vida de todos(as), desde a concepção até a morte natural.
Sim, neste segundo tempo a bola vai rolar elegantemente pelo gramado e balançar a rede!
Caçador, 12 de outubro de 2010 (solenidade de N.Sra.Aparecida. Padroeira do Brasil)
Dom Luiz C. Eccel
Bispo Diocesano de Caçador
Declaração sobre o Momento Político Nacional Nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz
O MOMENTO POLÍTICO E A RELIGIÃO
Amor e Verdade se encontrarão. Justiça ePaz se abraçarão (Salmo 85)
A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) está preocupada com o momento político
na sua relação com a religião. Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente. Desconsiderama manifestação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 16 de setembro, “ Na proximidade das eleições”, quando reiterou a posição da 48ª Assembléia Geral da entidade, realizada neste ano em Brasília.
Esses grupos continuaram, inclusive, usando o nome da CNBB, induzindo erroneamente os fiéis a acreditaremqueela tivesse impostovetoa candidatos nestas eleições. Continua sendo instrumentalizada eleitoralmente a nota da presidência do Regional
Sul 1 da CNBB, fato que consideramos lamentável, porque tem levado muitos católicos a se afastaremde nossas comunidades e paróquias. Constrangem nossa consciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial.
Os eleitores têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que
sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.
Nesse sentido, a CBJP,emparceriacomoutras entidades, realizou debate, transmitido
por emissoras de inspiração cristã, entre as candidaturas à Presidência da Republica no intento de refletir os desafios postos ao Brasil na perspectiva de favorecer o voto consciente e livre. Igualmente, co-patrocinou um subsídio para formação da cidadania, sob o título: “Eleições 2010: chão e horizonte”.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, nesse tempo de inquietudes, reafirma os valores e princípios que norteiam seus passos e a herança de pessoascomoDomHelderCâmara,Dom Luciano Mendes, Margarida Alves, Madre Cristina, Tristão de Athayde, Ir. Dorothy, entre tantos outros. Estes, motivados pela fé, defenderama liberdade, quando vigorava o arbítrio; a defesa e o anúncio da liberdade de expressão, em tempos de censura; a anistia, ampla, geral e irrestrita, quando havia exílios; a defesa da dignidade da pessoa humana, quando se
trucidavam e aviltavam pessoas.
Compartilhamos a alegria da luz, em meio a sombras, com os frutos da Lei da Ficha
Limpa como aprimoramento da democracia. Esta Lei de Iniciativa Popular uniu a sociedade e sintonizou toda a igreja com os reclamos de uma política a serviço do bem comum e o zelo pela justiça e paz.
Brasília, 06 de Outubro de 2010.
Comissão Brasileira Justiça e Paz,
Organismo da CNBB
Amor e Verdade se encontrarão. Justiça ePaz se abraçarão (Salmo 85)
A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) está preocupada com o momento político
na sua relação com a religião. Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente. Desconsiderama manifestação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 16 de setembro, “ Na proximidade das eleições”, quando reiterou a posição da 48ª Assembléia Geral da entidade, realizada neste ano em Brasília.
Esses grupos continuaram, inclusive, usando o nome da CNBB, induzindo erroneamente os fiéis a acreditaremqueela tivesse impostovetoa candidatos nestas eleições. Continua sendo instrumentalizada eleitoralmente a nota da presidência do Regional
Sul 1 da CNBB, fato que consideramos lamentável, porque tem levado muitos católicos a se afastaremde nossas comunidades e paróquias. Constrangem nossa consciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial.
Os eleitores têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que
sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.
Nesse sentido, a CBJP,emparceriacomoutras entidades, realizou debate, transmitido
por emissoras de inspiração cristã, entre as candidaturas à Presidência da Republica no intento de refletir os desafios postos ao Brasil na perspectiva de favorecer o voto consciente e livre. Igualmente, co-patrocinou um subsídio para formação da cidadania, sob o título: “Eleições 2010: chão e horizonte”.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, nesse tempo de inquietudes, reafirma os valores e princípios que norteiam seus passos e a herança de pessoascomoDomHelderCâmara,Dom Luciano Mendes, Margarida Alves, Madre Cristina, Tristão de Athayde, Ir. Dorothy, entre tantos outros. Estes, motivados pela fé, defenderama liberdade, quando vigorava o arbítrio; a defesa e o anúncio da liberdade de expressão, em tempos de censura; a anistia, ampla, geral e irrestrita, quando havia exílios; a defesa da dignidade da pessoa humana, quando se
trucidavam e aviltavam pessoas.
Compartilhamos a alegria da luz, em meio a sombras, com os frutos da Lei da Ficha
Limpa como aprimoramento da democracia. Esta Lei de Iniciativa Popular uniu a sociedade e sintonizou toda a igreja com os reclamos de uma política a serviço do bem comum e o zelo pela justiça e paz.
Brasília, 06 de Outubro de 2010.
Comissão Brasileira Justiça e Paz,
Organismo da CNBB
Nota da CNBB em relação ao momento eleitoral
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por meio de sua Presidência, congratula-se com o Povo Brasileiro pelo exercício da cidadania na realização do primeiro turno das eleições gerais, quando foram eleitos os representantes para o Poder Legislativo e definidos os Governadores de diversas unidades da Federação, bem como o nome daqueles que serão submetidos a novo escrutínio em 2º turno, para a Presidência da República e alguns governos estaduais e distrital.
A CNBB congratula-se também pelos frutos benéficos decorrentes da aprovação da Lei da Ficha Limpa, que está oferecendo um novo paradigma para o processo eleitoral, mesmo se ainda tantos obstáculos a essa Lei tenham de ser superados. Entretanto, lamentamos profundamente que o nome da CNBB - e da própria Igreja Católica tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação. Certamente, é direito e, mesmo, dever de cada Bispo,em sua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã. A CNBB é um organismo a serviço dacomunhãoedodiálogo entre os Bispos, de planejamento orgânico da pastoral da Igreja no Brasil, e busca colaborar na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
Neste sentido, queremos reafirmar os termos da Nota de 16.09.2010, na qual
esclarecemos que “falam em nome da CNBB somente a Assembléia Geral, o Conselho
Permanente e a Presidência”. Recordamos novamente que, da parte da CNBB, permanece
como orientação, neste momento de expressão do exercício da cidadania em nosso País, a Declaração sobre o Momento Político Nacional aprovada este ano em sua 48ª Assembléia Geral.
Reafirmamos, ainda, que a CNBB não indica nenhum candidato, e recordamos que a
escolha éum ato livre e consciente de cada cidadão. Diante de tão grande responsabilidade, exortamos os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana.
Confiando na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, invocamos as bênçãos de
Deus para todooPovoBrasileiro.
Brasília, 08 de outubro de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Mariana Arcebispo de Manaus
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB
A CNBB congratula-se também pelos frutos benéficos decorrentes da aprovação da Lei da Ficha Limpa, que está oferecendo um novo paradigma para o processo eleitoral, mesmo se ainda tantos obstáculos a essa Lei tenham de ser superados. Entretanto, lamentamos profundamente que o nome da CNBB - e da própria Igreja Católica tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação. Certamente, é direito e, mesmo, dever de cada Bispo,em sua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã. A CNBB é um organismo a serviço dacomunhãoedodiálogo entre os Bispos, de planejamento orgânico da pastoral da Igreja no Brasil, e busca colaborar na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
Neste sentido, queremos reafirmar os termos da Nota de 16.09.2010, na qual
esclarecemos que “falam em nome da CNBB somente a Assembléia Geral, o Conselho
Permanente e a Presidência”. Recordamos novamente que, da parte da CNBB, permanece
como orientação, neste momento de expressão do exercício da cidadania em nosso País, a Declaração sobre o Momento Político Nacional aprovada este ano em sua 48ª Assembléia Geral.
Reafirmamos, ainda, que a CNBB não indica nenhum candidato, e recordamos que a
escolha éum ato livre e consciente de cada cidadão. Diante de tão grande responsabilidade, exortamos os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana.
Confiando na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, invocamos as bênçãos de
Deus para todooPovoBrasileiro.
Brasília, 08 de outubro de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Mariana Arcebispo de Manaus
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB
Posição da Comissão de Justiça e Paz da CNBB Regional Sul 3
A Comissão de Justiça e Paz da CNBB Regional Sul 3 (CJP/RS) em sintonia com a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) e, em apoio a Nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre o momento eleitoral, vem a público manifestar a sua posição emrelação ao pleitoquese avizinha.
Para tanto, ue os eleitores e as eleitoras têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, com livre escolha, tendo como referencial os valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, a promoçãoe a defesa da dignidade da pessoa humana,coma inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.
Repudiamos com veemência, a manipulação e a instrumentalização eleitoral que sendo feitas da Religião, de modo pontual, oportunista e com a clara intenção de confundir o eleitor e a eleitora, ferindo assim a plena maturidade dademocracia.
CNBB - Regional Sul 3
Comissão de Justiça e Paz
Para tanto, ue os eleitores e as eleitoras têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, com livre escolha, tendo como referencial os valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, a promoçãoe a defesa da dignidade da pessoa humana,coma inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.
Repudiamos com veemência, a manipulação e a instrumentalização eleitoral que sendo feitas da Religião, de modo pontual, oportunista e com a clara intenção de confundir o eleitor e a eleitora, ferindo assim a plena maturidade dademocracia.
CNBB - Regional Sul 3
Comissão de Justiça e Paz
quinta-feira, 20 de maio de 2010
sobre acordos com o Iran --- Jornal do Brasil, 19 de maio de 2010 . . .
O IMPÉRIO MANDA, AS COLÔNIAS OBEDECEM
Frei Betto e João Pedro Stédile
Após a Segunda Guerra Mundial, quando as forças aliadas saíram vitoriosas, o governo dos EUA tentou tirar o máximo proveito de sua vitória militar. Articulou a Assembléia das Nações Unidas dirigida por um Conselho de Segurança integrado pelos sete países mais poderosos, com poder de veto sobre as decisões dos demais. Impôs o dólar como moeda internacional, submeteu a Europa ao Marshall, de subordinação econômica, e instalou mais de 300 bases militares na Europa e na Ásia, cujos governos e mídia jamais levantam a voz contra essa intervenção branca. O mundo inteiro só não se curvou à Casa Branca porque existia a União Soviética para equilibrar a correlação de forças. Contra ela, os EUA travaram uma guerra sem limites, até derrotá-la política, militar e ideologicamente. A partir da década de 90, o mundo ficou sob hegemonia total do governo e do capital estadunidenses, que passaram a impor suas decisões a todos os governos e povos, tratados como vassalos coloniais.Quando tudo parecia calmo no império global, dominado pelo Tio Sam, eis que surgem resistências. Na América Latina, além de Cuba, outros povos elegem governos antiimperialistas. No Oriente Médio, os EUA tiveram que apelar para invasões militares a fim de manter o controle sobre o petróleo, sacrificando milhares de vidas de afegãos, iraquianos, palestinos e paquistaneses.Nesse contexto surge no Irã um governo decidido a não se submeter aos interesses dos EUA. Dentro de sua política de desenvolvimento nacional, instala usinas nucleares e isso é intolerável para o Império.A Casa Branca não aceita democracia entre os povos. Que significa todos os países terem direitos iguais. Não aceita a soberania nacional de outros povos. Não admite que cada povo e respectivo governo controlem seus recursos naturais.Os EUA transferiram tecnologia nuclear para o Paquistão e Israel, que hoje possuem bomba atômica. Mas não toleram o acesso do Irã à tecnologia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Por quê? De onde derivam tais poderes imperiais? De alguma convenção internacional? Não, apenas de sua prepotência militar.Em Israel, há mais de vinte anos, Moshai Vanunu, que trabalhava na usina atômica, preocupado com a insegurança que isso representa para toda a região, denunciou que o governo já tinha a bomba. Resultado: foi sequestrado e condenado à prisão perpetua, comutada para 20 anos, depois de grande pressão internacional. Até hoje vive em prisão domiciliar, proibido de contato com qualquer estrangeiro.Todos somos contra o armamento militar e bases militares estrangeiras em nossos países. Somos contrários ao uso da energia nuclear, devido aos altos riscos, e ao uso abusivo de tantos recursos econômicos em gastos militares.O governo do Irã ousa defender sua soberania. O governo usamericano só não invadiu militarmente o Irã porque este tem 60 milhões de habitantes, é uma potência petrolífera e possui um governo nacionalista. As condições são muito diferentes do atoleiro chamado Iraque.Felizmente, a diplomacia brasileira e de outros governos se envolveu na contenda. Esperamos que sejam respeitados os direitos do Irã, como de qualquer outro país, sem ameaças militares.Resta-nos torcer para que aumentem as campanhas, em todo mundo, pelo desarmamento militar e nuclear. Oxalá o quanto antes se destinem os recursos de gastos militares para solucionar problemas como a fome, que atinge mais de um bilhão de pessoas.Os movimentos sociais, ambientalistas, igrejas e entidades internacionais se reuniram recentemente em Cochabamba, numa conferência ecológica mundial, convocada pelo presidente Evo Morales. Decidiu-se preparar um plebiscito mundial, em abril de 2011. As pessoas serão convocadas a refletir e votar se concordam com a existência de bases militares estrangeiras em seus países; com os excessivos gastos militares e que os países do Hemisfério Sul continuem pagando a conta das agressões ao meio ambiente praticadas pelas indústrias poluidoras do Norte.A luta será longa, mas nessa semana podemos comemorar uma pequena vitória antiimperialista.Frei Betto é escritor
João Pedro Stédile integra a direção da Via Campesina
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Carta à sociedade: Chegou a hora da Ficha Limpa!
Amigos e amigas,
Após dois anos de esforço e luta por nossa Campanha Ficha Limpa, chegamos ao momento mais importante de nossa caminhada. Dia 11 de maio será o último dia de votação do projeto de lei de iniciativa popular, o Ficha Limpa, na Câmara dos Deputados. Nesse dia, serão votados os nove destaques (alterações) restantes, apresentados ao projeto.
Antes de tudo, é preciso entender dois pontos fundamentais. Primeiro, como fez até agora o MCCE e a sociedade brasileira, precisamos continuar com a forte pressão sobre os deputados para a votação dos nove destaques a serem votados no dia 11/05. A prova que a força da sociedade unida em torno dessa proposta está funcionando foi a aprovação do texto integral do projeto na terça-feira passada (04/05) e a rejeição, por maioria, dos três destaques votados na quarta (05/05). O Congresso Nacional sabe que o país inteiro está literalmente de olho neles!
Segundo, é a relevância dessa data do dia 11 de maio. Após seis meses tramitando na Câmara, chegamos ao último dia de votação. Todos os destaques restantes deverão ser votados na terça-feira, dia histórico para a democracia brasileira. Data de grande importância pois, aprovado na Câmara, com a derrota de todos os 12 destaques apresentados, o projeto Ficha Limpa chega forte no Senado. Casa que já sinalizou o compromisso de votá-lo rapidamente e sem nenhuma alteração.
Mais uma vez, nesse caminho vitorioso construído pela Campanha Ficha Limpa, pedimos que organizem mobilizações e comemorações para a aprovação do projeto de iniciativa popular. Projeto da sociedade brasileira. Até terça-feira, o chamado é para que continuem com ligações, visitas e emails aos parlamentares de seus estados, cobrando deles a rejeição de todas as propostas de alterações ao projeto.
Já na terça-feira, dia 11, o pedido é que mobilizem suas cidades para acompanhar a votação. Em Brasília, nosso objetivo é lotar a galeria do plenário da Câmara. Uma sugestão é a realização de vigílias pelas cidades brasileiras pela Ficha Limpa. Nas praças, em frente às Assembléias Legislativas ou onde for mais conveniente, mobilizem a população e acendam velas pela aprovação do projeto Ficha Limpa. Divulguem essas ações para os deputados de seus estados, para que eles saibam como está a mobilização em favor do projeto em suas cidades.
Agora falta muito pouco. Não conseguiríamos tudo isso não fosse a união da sociedade brasileira em torno do projeto Ficha Limpa. Hoje, com as assinaturas recebidas no MCCE e colhidas pela internet, já contabilizamos mais de 4 milhões de brasileiros e brasileiras favoráveis à Ficha Limpa. Todos/as vocês fazem parte dessa conquista!
Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
Após dois anos de esforço e luta por nossa Campanha Ficha Limpa, chegamos ao momento mais importante de nossa caminhada. Dia 11 de maio será o último dia de votação do projeto de lei de iniciativa popular, o Ficha Limpa, na Câmara dos Deputados. Nesse dia, serão votados os nove destaques (alterações) restantes, apresentados ao projeto.
Antes de tudo, é preciso entender dois pontos fundamentais. Primeiro, como fez até agora o MCCE e a sociedade brasileira, precisamos continuar com a forte pressão sobre os deputados para a votação dos nove destaques a serem votados no dia 11/05. A prova que a força da sociedade unida em torno dessa proposta está funcionando foi a aprovação do texto integral do projeto na terça-feira passada (04/05) e a rejeição, por maioria, dos três destaques votados na quarta (05/05). O Congresso Nacional sabe que o país inteiro está literalmente de olho neles!
Segundo, é a relevância dessa data do dia 11 de maio. Após seis meses tramitando na Câmara, chegamos ao último dia de votação. Todos os destaques restantes deverão ser votados na terça-feira, dia histórico para a democracia brasileira. Data de grande importância pois, aprovado na Câmara, com a derrota de todos os 12 destaques apresentados, o projeto Ficha Limpa chega forte no Senado. Casa que já sinalizou o compromisso de votá-lo rapidamente e sem nenhuma alteração.
Mais uma vez, nesse caminho vitorioso construído pela Campanha Ficha Limpa, pedimos que organizem mobilizações e comemorações para a aprovação do projeto de iniciativa popular. Projeto da sociedade brasileira. Até terça-feira, o chamado é para que continuem com ligações, visitas e emails aos parlamentares de seus estados, cobrando deles a rejeição de todas as propostas de alterações ao projeto.
Já na terça-feira, dia 11, o pedido é que mobilizem suas cidades para acompanhar a votação. Em Brasília, nosso objetivo é lotar a galeria do plenário da Câmara. Uma sugestão é a realização de vigílias pelas cidades brasileiras pela Ficha Limpa. Nas praças, em frente às Assembléias Legislativas ou onde for mais conveniente, mobilizem a população e acendam velas pela aprovação do projeto Ficha Limpa. Divulguem essas ações para os deputados de seus estados, para que eles saibam como está a mobilização em favor do projeto em suas cidades.
Agora falta muito pouco. Não conseguiríamos tudo isso não fosse a união da sociedade brasileira em torno do projeto Ficha Limpa. Hoje, com as assinaturas recebidas no MCCE e colhidas pela internet, já contabilizamos mais de 4 milhões de brasileiros e brasileiras favoráveis à Ficha Limpa. Todos/as vocês fazem parte dessa conquista!
Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
sexta-feira, 30 de abril de 2010
CNLB-Sul I - Carta aberta - FICHA LIMPA
Penápolis/SP, 30 de Abril de 2010.
Aos
Exmo. Sr. Michel Temer, Presidente da Câmara
Exmo. Sr. José Sarney, Presidente do Senado
Exmos. Srs. Deputados Federais e Senadores
C/c
Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República
Assunto: Projeto Ficha Limpa (PLP 518/09)
Exmos. Senhores,
O Conselho Nacional do Laicato do Brasil – Regional Sul I, organismo da Igreja Católica que promove a articulação do Laicato no Estado de São Paulo, de todas as pastorais, movimentos e associações laicais, que hoje soma em torno de 98% da Igreja Católica em nosso Estado, vêm até os senhores pedir:
1. Agilidade no processo de votação do Projeto de Iniciativa Popular Ficha Limpa;
2. Coerentemente com a ética democrática, que favorece o bem comum, a aprovação do mesmo;
3. Para tanto que o mesmo seja votado no próximo dia 04/05, conforme pauta estabelecida.
4. Que a aplicação do projeto votado seja seriamente e agilmente encaminhada, como espera a população, para ser pertinente já nesta eleição de 2010.
Salientamos que, numa participação e co-responsabilidade democrática, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil – Regional Sul I e os Conselhos Regionais dos outros Estados brasileiros estão acompanhando sistematicamente o processo e estamos divulgando aos cristãos leigos e leigas, que são grande parte da população do Brasil, os encaminhamentos, votações e todo o mais envolvendo tal projeto.
A participação política é certamente a expressão concreta e eficiente do amor. Entretanto, caso seja utilizada para benefícios próprios, contraditórios ao bem comum e ao desenvolvimento da nação, fere os ideais democráticos e, portanto, é símbolo da involução, da corrupção, do retrocesso e da impunidade de um país.
Expressamos uma sintonia com o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) e com os encaminhamentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a respeito do projeto Ficha Limpa. E estamos tornando público, transparentemente, todos os nomes dos senhores diante das votações feitas e posturas tomadas. Somos seus eleitores. Exigimos coerência democrática.
Em nome dos cristãos leigos e leigas do Estado de São Paulo, subscrevemos.
Atenciosamente,
Luis Antonio Ferreira
Presidente
Alex de Souza Rossi
Secretário Geral
Aos
Exmo. Sr. Michel Temer, Presidente da Câmara
Exmo. Sr. José Sarney, Presidente do Senado
Exmos. Srs. Deputados Federais e Senadores
C/c
Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República
Assunto: Projeto Ficha Limpa (PLP 518/09)
Exmos. Senhores,
O Conselho Nacional do Laicato do Brasil – Regional Sul I, organismo da Igreja Católica que promove a articulação do Laicato no Estado de São Paulo, de todas as pastorais, movimentos e associações laicais, que hoje soma em torno de 98% da Igreja Católica em nosso Estado, vêm até os senhores pedir:
1. Agilidade no processo de votação do Projeto de Iniciativa Popular Ficha Limpa;
2. Coerentemente com a ética democrática, que favorece o bem comum, a aprovação do mesmo;
3. Para tanto que o mesmo seja votado no próximo dia 04/05, conforme pauta estabelecida.
4. Que a aplicação do projeto votado seja seriamente e agilmente encaminhada, como espera a população, para ser pertinente já nesta eleição de 2010.
Salientamos que, numa participação e co-responsabilidade democrática, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil – Regional Sul I e os Conselhos Regionais dos outros Estados brasileiros estão acompanhando sistematicamente o processo e estamos divulgando aos cristãos leigos e leigas, que são grande parte da população do Brasil, os encaminhamentos, votações e todo o mais envolvendo tal projeto.
A participação política é certamente a expressão concreta e eficiente do amor. Entretanto, caso seja utilizada para benefícios próprios, contraditórios ao bem comum e ao desenvolvimento da nação, fere os ideais democráticos e, portanto, é símbolo da involução, da corrupção, do retrocesso e da impunidade de um país.
Expressamos uma sintonia com o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) e com os encaminhamentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a respeito do projeto Ficha Limpa. E estamos tornando público, transparentemente, todos os nomes dos senhores diante das votações feitas e posturas tomadas. Somos seus eleitores. Exigimos coerência democrática.
Em nome dos cristãos leigos e leigas do Estado de São Paulo, subscrevemos.
Atenciosamente,
Luis Antonio Ferreira
Presidente
Alex de Souza Rossi
Secretário Geral
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