quinta-feira, 20 de maio de 2010

sobre acordos com o Iran --- Jornal do Brasil, 19 de maio de 2010 . . .

O IMPÉRIO  MANDA, AS COLÔNIAS OBEDECEM


Frei Betto e João Pedro Stédile
  Após a Segunda Guerra Mundial, quando as forças aliadas saíram vitoriosas, o governo dos EUA tentou tirar o máximo proveito de sua vitória militar. Articulou  a Assembléia das Nações Unidas dirigida por um Conselho de Segurança integrado pelos sete países mais poderosos, com poder de veto sobre as decisões dos demais.  Impôs o dólar como moeda internacional, submeteu a Europa ao Marshall, de subordinação econômica, e instalou mais de 300 bases militares na Europa e na Ásia, cujos governos e mídia jamais levantam a voz contra essa intervenção branca.   O mundo inteiro só não se curvou à Casa Branca porque existia a União Soviética para equilibrar a correlação de forças. Contra ela,  os EUA travaram uma guerra sem limites, até derrotá-la política, militar e ideologicamente.    A partir da década de 90, o mundo ficou sob hegemonia total do governo e do capital estadunidenses, que passaram a impor suas decisões a todos os governos e povos, tratados como vassalos coloniais.Quando tudo parecia calmo no império global, dominado pelo Tio Sam, eis que surgem resistências.   Na América Latina, além de Cuba, outros povos elegem governos antiimperialistas. No Oriente Médio, os EUA tiveram que apelar para invasões militares a fim de manter o controle sobre o petróleo, sacrificando milhares de vidas de afegãos, iraquianos, palestinos e paquistaneses.Nesse contexto surge no Irã um governo decidido a não se submeter aos interesses dos EUA. Dentro de sua política de desenvolvimento nacional, instala usinas nucleares e isso é intolerável para o Império.A Casa Branca não aceita democracia entre os povos. Que significa todos os países terem  direitos iguais.  Não aceita a soberania nacional de outros povos.  Não admite que cada povo  e respectivo governo controlem seus recursos naturais.Os EUA transferiram tecnologia  nuclear para o Paquistão e Israel, que hoje possuem bomba atômica.  Mas não toleram o acesso do Irã à tecnologia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Por quê? De onde derivam tais poderes imperiais?  De alguma convenção internacional? Não, apenas de sua prepotência militar.Em Israel, há mais de vinte anos, Moshai Vanunu, que trabalhava na usina atômica, preocupado com a insegurança que isso representa para toda a região, denunciou que o governo já tinha a bomba. Resultado: foi sequestrado e condenado à prisão perpetua, comutada para 20 anos, depois de grande pressão internacional. Até hoje vive em prisão domiciliar, proibido de contato com qualquer estrangeiro.Todos somos contra o armamento militar e bases militares estrangeiras em nossos países. Somos contrários ao uso da energia nuclear, devido aos altos riscos, e ao uso abusivo de tantos recursos econômicos  em gastos militares.O governo do Irã  ousa defender sua soberania.  O governo usamericano só não invadiu militarmente o Irã porque este tem 60 milhões de habitantes, é uma potência petrolífera e possui um governo nacionalista. As  condições são muito diferentes do atoleiro chamado Iraque.Felizmente, a diplomacia brasileira e de outros governos  se envolveu na contenda. Esperamos que sejam respeitados os direitos do Irã, como de qualquer outro país, sem ameaças militares.Resta-nos torcer para que aumentem as campanhas, em todo mundo, pelo desarmamento militar e nuclear.   Oxalá o quanto antes  se destinem os recursos de gastos militares para solucionar problemas como a fome, que atinge mais de um bilhão de pessoas.Os movimentos sociais,  ambientalistas, igrejas e entidades internacionais se reuniram recentemente em Cochabamba, numa conferência ecológica mundial, convocada pelo presidente Evo Morales. Decidiu-se preparar um plebiscito mundial, em abril de 2011.  As pessoas serão convocadas a refletir e votar se concordam com a existência de bases militares estrangeiras em seus países; com os excessivos gastos militares e que os países do Hemisfério Sul continuem pagando a conta das agressões ao meio ambiente praticadas pelas indústrias poluidoras do Norte.A luta será longa, mas nessa semana podemos comemorar uma pequena vitória antiimperialista.

Frei Betto é escritor

João Pedro Stédile integra a direção da Via Campesina

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Carta à sociedade: Chegou a hora da Ficha Limpa!

Amigos e amigas,
Após dois anos de esforço e luta por nossa Campanha Ficha Limpa, chegamos ao momento mais importante de nossa caminhada. Dia 11 de maio será o último dia de votação do projeto de lei de iniciativa popular, o Ficha Limpa, na Câmara dos Deputados. Nesse dia, serão votados os nove destaques (alterações) restantes, apresentados ao projeto.
Antes de tudo, é preciso entender dois pontos fundamentais. Primeiro, como fez até agora o MCCE e a sociedade brasileira, precisamos continuar com a forte pressão sobre os deputados para a votação dos nove destaques a serem votados no dia 11/05. A prova que a força da sociedade unida em torno dessa proposta está funcionando foi a aprovação do texto integral do projeto na terça-feira passada (04/05) e a rejeição, por maioria, dos três destaques votados na quarta (05/05). O Congresso Nacional sabe que o país inteiro está literalmente de olho neles!
Segundo, é a relevância dessa data do dia 11 de maio. Após seis meses tramitando na Câmara, chegamos ao último dia de votação. Todos os destaques restantes deverão ser votados na terça-feira, dia histórico para a democracia brasileira. Data de grande importância pois, aprovado na Câmara, com a derrota de todos os 12 destaques apresentados, o projeto Ficha Limpa chega forte no Senado. Casa que já sinalizou o compromisso de votá-lo rapidamente e sem nenhuma alteração.
Mais uma vez, nesse caminho vitorioso construído pela Campanha Ficha Limpa, pedimos que organizem mobilizações e comemorações para a aprovação do projeto de iniciativa popular. Projeto da sociedade brasileira. Até terça-feira, o chamado é para que continuem com ligações, visitas e emails aos parlamentares de seus estados, cobrando deles a rejeição de todas as propostas de alterações ao projeto.
Já na terça-feira, dia 11, o pedido é que mobilizem suas cidades para acompanhar a votação. Em Brasília, nosso objetivo é lotar a galeria do plenário da Câmara. Uma sugestão é a realização de vigílias pelas cidades brasileiras pela Ficha Limpa. Nas praças, em frente às Assembléias Legislativas ou onde for mais conveniente, mobilizem a população e acendam velas pela aprovação do projeto Ficha Limpa. Divulguem essas ações para os deputados de seus estados, para que eles saibam como está a mobilização em favor do projeto em suas cidades.
Agora falta muito pouco. Não conseguiríamos tudo isso não fosse a união da sociedade brasileira em torno do projeto Ficha Limpa. Hoje, com as assinaturas recebidas no MCCE e colhidas pela internet, já contabilizamos mais de 4 milhões de brasileiros e brasileiras favoráveis à Ficha Limpa. Todos/as vocês fazem parte dessa conquista!
Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral