Em primeiro, é preciso dizer que não votei no Tiririca. Este é um ponto importante, para que se possa escrever o que segue.
Tiririca foi o candidato mais votado para deputado federal com 1,3 milhões de votos. O mais votado do Estado de São Paulo. Recentemente teve que fazer testes para comprovar se sabe ler e escrever. A polêmica começa nesta questão. Se há algum problema com o Tiririca candidato, deveria ter sido resolvido antes do pleito. Agora que quase 1 milhão e meio de pessoas votaram nele, este assunto já deveria ter sido encerrado. Qualquer tentativa de anular o desejo deste grande número de cidadãos é golpe. Abre um sério precedente para a democracia. Portanto, não deveria haver mais qualquer tipo de dúvida sobre sua eleição.
Mais que isso. O personagem eleito na última eleição foi o Tiririca. Se perguntarmos, a qualquer um de seus eleitores, quem é o cidadão Aloísio Sérgio Rezende Silveira, certamente responderão que não sabem que é este tal Aloísio. Portanto, eleito foi o Tiririca. O personagem mais votato nesta eleição foi o "plahaço Tiririca" e não o Sr. Aloísio. Certamente, é desejo destes eleitores, que o Tiririca, o personagem, esteja presente em sua cadeira de deputado federal a partir de 2011. A presença do Sr. Aloísio, sem sua personagem Tiririca, poderia ser uma forma de falsidade ideológica. Os eleitores não votaram no Sr Aloísio. E, certamente, se ele tivesse se apresentado de cara limpa, sem portar seu personagem durante sua campanha, jamais teria sido eleito. Assim sendo, o eleito foi o Tiririca e não o Sr Aloisio. O Tiririca é que deve assumir sua cadeira em Brasília, caracterizado como Tiririca, pois é esta a vontade de seus eleitores.
Podem alegar que este foi um voto de protesto, até mesmo de imaturidade política, ou qualquer outro tipo de alegação. Pouco importa, a vontade do povo na eleição é soberana. Se o grito das urnas é um grito de protesto, que seja, deve ser ouvido. A presença do palhaço na Câmara Federal deverá ser uma marca, para que todos os seus ocupantes se lembrem, a cada dia, de que o povo pode sim se rebelar. Que o povo está cansado das 'palhaçadas' feitas por aqueles que vestem terno e gravata e se apresentam como pessoas sérias, mas não impedem que o legislativo tenha se transformado num grande circo. A presença de Tiririca, em suas vestes de palhaço, fazendo um 'discurso' em uma sessão solene deve ser a imagem da lembrança de que, ou os ocupantes destas cadeiras respeitam o povo e esta nação, ou esta nação irá constantemente desmoralizar seus ocupantes, sempre que puder, pelo voto.
Por fim, é melhor ter um cidadão, vestido de palhaço como deputado federal, do que todos os cidadãos brasileiros se sentirem verdadeiros palhaços nas mãos dos péssimos políticos que ocuparam estas cadeiras para enganar, corromper, roubar dinheiro público, e abandonar às traças toda a nação. O voto no palhaço tem um simbolismo, e por isso precisa ser respeitado. E não venham os eternos deputados, que já estão nesta casa federal por muitos mandatos, dizer que isso vai contra o decoro parlamentar. Contra ao decoro parlamentar não é a presença do palhaço mais votado nesta eleição. Contra o decoro é roubar o dinheiro público, é ser incapaz de trabalhar a serviço do povo.... e outras tantas atitudes que buscam apenas garantir o bem pessoal, em detrimento do bem público... Que a presença do palhaço no poder legislativo seja o fim das palhaçadas na política brasileira....
O Papa Leão XIII, com a Encíclica Rerum Novarum, deu início a uma série de documentos, hoje reconhecidos como base da Doutrina Social da Igreja. Ler, refletir e colocar em prática a mensagem destes documentos, mais do que uma obrigação, passa a ser um imperativo da nossa fé cristã.
sábado, 13 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
GRANDEZA DE ÂNIMO
D. Demétrio Valentini
A hora é de magnanimidade. O momento é de respeitar, relevar, e perdoar. Todos convidados para a grandeza de ânimo. Publicados os resultados das eleições, urge festejar a democracia. Por mais frágil que tenha se mostrado durante a campanha, ela acabou se fortalecendo com esta eleição. Podemos fortificá-la mais ainda, se soubermos levar adiante as muitas lições que esta campanha nos deixa. Quem dá o exemplo é Dilma Rousseff, a candidata eleita Presidente do Brasil. Em seu discurso de domingo à noite, logo após a publicação dos resultados, disse textualmente: “ Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles.” Estas palavras têm mais força do que todas as injúrias e difamações que a candidata recebeu durante a campanha. Tornam ainda mais expressiva sua vitória. A nobre atitude do perdão, precisa vir acompanhada da lúcida constatação dos fatos, e dos desafios que eles nos apresentam. Na verdade, a candidata Dilma Rousseff precisou enfrentar uma avalanche enorme de obstáculos, desencadeados, sobretudo pela carga de preconceitos, cuja virulência surpreendeu, e mostrou quanto a sociedade brasileira ainda está impregnada de resíduos tóxicos da ditadura militar. O fato de uma candidata ter sido vítima da truculência do regime ditatorial, em vez de servir de oportunidade para lavar a honra de todos os que foram presos arbitrariamente pela ditadura, acabou dando o pretexto para muitos se acharem no direito de vestirem a carapuça de torturadores, e descarregarem sobre a candidata o ódio destilado nos porões do regime militar. Esta pesada constatação nos coloca um grande desafio. Muitos assim pensam e fazem sem terem culpa das motivações equivocadas que movem seus preconceitos. Não sabem o que foi a ditadura militar. A anistia foi pactuada. Mas de novo se comprova que ela não pode prescindir da memória histórica, que precisa ser cultivada e trabalhada, para que toda a sociedade, conscientemente, erradique no seu nascedouro as sementes da ditadura, que foram plantadas com eficácia pelo regime militar. Caso contrário, elas continuam germinando, e produzindo seus frutos maléficos. A Escola precisa ensinar a verdadeira história da ditadura militar. Este trabalho só pode ser feito com sucesso, se vier acompanhado da garantia do perdão e da superação de todo e qualquer tipo de vingança. De novo, as circunstâncias apelam para a grandeza de ânimo, que não significa timidez ou subserviência. O exercício da cidadania, em tempos de campanha eleitoral, precisa levar em conta as circunstâncias de cada um. O que se pede de todos é o voto. Mas existe largo espaço de atuação, visando fornecer critérios para o discernimento dos eleitores. Atendendo ao apelo de minha consciência, também procurei dar minha pequena contribuição. Agradeço as milhares de manifestações, públicas ou particulares, que expressaram sua concordância com as ponderações que fui fazendo cada semana, ao longo da campanha. Agradeço também aos que sensatamente ponderaram suas divergências, às quais procurei responder com respeito e atenção. Por outro lado, recebi também algumas furiosas contestações, e alguns ataques de caráter pessoal, carregados de ódio, e revestidos da presunção de seus autores de se julgarem os justiceiros da ira divina, para condenarem ao inferno todos os seus desafetos. Pela exorbitância de suas acusações, devo avisá-los que mereceram destino menos solene que o inferno. De modo que ainda podem contar com meu perdão. Além do mais, não me preocupo com julgamentos humanos. Como Davi, também prefiro mil vezes cair nas mãos de Deus, do que ser julgado pela justiça humana. Mas o resultado dessas eleições nos convida a tirar muitas outras lições, que, estas sim, nos motivam a deixar de lado condenações ou represálias, e contribuir com tudo o que estiver ao nosso alcance para levar em frente a nobre tarefa de construirmos juntos um Brasil justo e solidário.
A hora é de magnanimidade. O momento é de respeitar, relevar, e perdoar. Todos convidados para a grandeza de ânimo. Publicados os resultados das eleições, urge festejar a democracia. Por mais frágil que tenha se mostrado durante a campanha, ela acabou se fortalecendo com esta eleição. Podemos fortificá-la mais ainda, se soubermos levar adiante as muitas lições que esta campanha nos deixa. Quem dá o exemplo é Dilma Rousseff, a candidata eleita Presidente do Brasil. Em seu discurso de domingo à noite, logo após a publicação dos resultados, disse textualmente: “ Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles.” Estas palavras têm mais força do que todas as injúrias e difamações que a candidata recebeu durante a campanha. Tornam ainda mais expressiva sua vitória. A nobre atitude do perdão, precisa vir acompanhada da lúcida constatação dos fatos, e dos desafios que eles nos apresentam. Na verdade, a candidata Dilma Rousseff precisou enfrentar uma avalanche enorme de obstáculos, desencadeados, sobretudo pela carga de preconceitos, cuja virulência surpreendeu, e mostrou quanto a sociedade brasileira ainda está impregnada de resíduos tóxicos da ditadura militar. O fato de uma candidata ter sido vítima da truculência do regime ditatorial, em vez de servir de oportunidade para lavar a honra de todos os que foram presos arbitrariamente pela ditadura, acabou dando o pretexto para muitos se acharem no direito de vestirem a carapuça de torturadores, e descarregarem sobre a candidata o ódio destilado nos porões do regime militar. Esta pesada constatação nos coloca um grande desafio. Muitos assim pensam e fazem sem terem culpa das motivações equivocadas que movem seus preconceitos. Não sabem o que foi a ditadura militar. A anistia foi pactuada. Mas de novo se comprova que ela não pode prescindir da memória histórica, que precisa ser cultivada e trabalhada, para que toda a sociedade, conscientemente, erradique no seu nascedouro as sementes da ditadura, que foram plantadas com eficácia pelo regime militar. Caso contrário, elas continuam germinando, e produzindo seus frutos maléficos. A Escola precisa ensinar a verdadeira história da ditadura militar. Este trabalho só pode ser feito com sucesso, se vier acompanhado da garantia do perdão e da superação de todo e qualquer tipo de vingança. De novo, as circunstâncias apelam para a grandeza de ânimo, que não significa timidez ou subserviência. O exercício da cidadania, em tempos de campanha eleitoral, precisa levar em conta as circunstâncias de cada um. O que se pede de todos é o voto. Mas existe largo espaço de atuação, visando fornecer critérios para o discernimento dos eleitores. Atendendo ao apelo de minha consciência, também procurei dar minha pequena contribuição. Agradeço as milhares de manifestações, públicas ou particulares, que expressaram sua concordância com as ponderações que fui fazendo cada semana, ao longo da campanha. Agradeço também aos que sensatamente ponderaram suas divergências, às quais procurei responder com respeito e atenção. Por outro lado, recebi também algumas furiosas contestações, e alguns ataques de caráter pessoal, carregados de ódio, e revestidos da presunção de seus autores de se julgarem os justiceiros da ira divina, para condenarem ao inferno todos os seus desafetos. Pela exorbitância de suas acusações, devo avisá-los que mereceram destino menos solene que o inferno. De modo que ainda podem contar com meu perdão. Além do mais, não me preocupo com julgamentos humanos. Como Davi, também prefiro mil vezes cair nas mãos de Deus, do que ser julgado pela justiça humana. Mas o resultado dessas eleições nos convida a tirar muitas outras lições, que, estas sim, nos motivam a deixar de lado condenações ou represálias, e contribuir com tudo o que estiver ao nosso alcance para levar em frente a nobre tarefa de construirmos juntos um Brasil justo e solidário.
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